Visão do Leitor - Benfica: De título festejado e palco de festas reservado a nova desilusão

Não satisfeitos com a algazarra da época transacta, com as faixas encomendas a terem como destino natural o lixo, eis que os adeptos benfiquistas (suportados pelos próprios gritos de campeões dos jogadores encarnados mal terminou o confronto frente ao Marítimo) a duplicam e decidem festejar na Madeira, como se o Estoril e o Moreirense fizessem parte daquele. Quiçá a visão turva, a mesma que permitiu gritar aos quatro ventos “limpinho, limpinho”, após uma arbitragem digna de figurar nas principais enciclopédias, mais concretamente no capítulo dedicado a “tudo aquilo que um árbitro não deve fazer”, não tenha permitido a dose de humildade que deve caracterizar os dignos vencedores e muito menos apelar à prudência de uma criança de 6 anos impedindo a “reserva” do Marquês para outros festejarem.

A época de 2012/2013 ficará marcada com uma das maiores vergonhas de sempre do futebol português, tanto mais porque é um reflexo da anterior, custando a crer que um clube liderados por profissionais, pagos a peso de ouro, tenha caído uma vez mais no conto do vigário, interpretado na perfeição por Vítor Pereira.

No somatório dos quatro anos à frente do clube, Jorge Jesus conseguiu a difícil proeza de ultrapassar aos pontos José Peseiro no ranking do “pé frio”. Se Pinto da Costa fosse dono e senhor do destino dificilmente conseguiria urdir plano tão maquiavélico e cruel para os lados da luz, onde uma vez mais a montanha (muitas vezes mandada erigir por determinados sectores da Comunicação Social) pariu um rato.

Os defensores de JJ, que advogam a sua continuidade, demonstram não avaliar com o mesmo rigor o desempenho desportivo e títulos deixados de conquistar, algo normal num clube desportivo, manifestando agora uma conveniente preferência para cálculos infindáveis (que alguma Comunicação Social incansavelmente faz questão de frisar) que vêm comprovar os milhões que o treinador encarnado já permitiu aos cofres angariar, mas que incompreensivelmente teimam em não fazer baixar o passivo. Mudou-se o paradigma para os lados da segunda circular. Se outrora eram os títulos que mais contavam, para boa parte dos adeptos urge agora destacar a gestão de activos e as “fortunas” amealhadas por Witsel e Companhia, como se o clube deixasse de se chamar Sport Lisboa e Benfica para se tornar num "chique" Lisboa e Benfica Investimentos. Cumpre aos sócios em última análise traçar o rumo que deverá o grémio perseguir e a quem de direito competirá liderar o respectivo projecto financeiro. Soa legítimo, no entanto, para sermos coerente, será preferível, a partir de agora, reservar o Marquês para a época de transferências, permitindo assim celebrar cada mais-valia de buzina na mão após a devida gestão pelo “mestre” da táctica.

Visão do Leitor (perceba melhor como pode colaborar no VM aqui!): Sérgio Tomás

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